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A navegação

Listamos algumas respostas aos questionamentos sobre a tecnologia do futuro. O biohacking está incrementando o corpo e a natureza humana, por isso, devemos compreender melhor para onde a tecnologia está nos levando. 

Talvez você nunca tenha ouvido o termo “biohacking” antes, mas provavelmente já encontrou alguma versão dele. Você certamente já soube de pessoas implantando chips na mão ou da tecnologia CRISPR, em que as pessoas injetam DNA, ou ainda do jejum de dopamina etc. 

Biohacking, também conhecido como biologia DIY, é um termo amplo para um estilo de vida que está se tornando cada vez mais popular não apenas no Vale do Silício de onde se originou. 

Os biohackers que atualmente ganham mais notoriedade são aqueles que fazem experimentos em seus próprios corpos na esperança de melhorar seu desempenho físico e cognitivo. Eles formam um ramo do transumanismo, que afirma que os seres humanos podem e devem usar a tecnologia para melhorar nossa espécie. 

 Alguns biohackers têm PhDs em ciências; outros são amadores. Suas maneiras de tentar “hackear” a biologia são tão díspares quanto eles o são. Não é fácil entender os diferentes tipos de “hacks”, o que os diferencia da medicina tradicional e quão seguros ou legais eles são. 

Como o biohacking começa a aparecer com mais frequência nas mídias, vale a pena esclarecer alguns dos seus fundamentos.  

 O que é biohacking – alguns exemplos comuns  

O biohacking está incrementando o corpo e a natureza humana, otimizando seu desempenho fora da medicina tradicional. Há alguns outros tipos de biohacking (incluindo alguns que podem levar a uma arte bastante inacreditável). 

Segundo Dave Asprey, um biohacker que criou a empresa Bulletproof, biohacking é “a arte e a ciência de mudar o ambiente ao seu redor e dentro de você para um controle total sobre sua própria biologia”. Ele injeta células-tronco nas suas articulações, toma suplementos e banhos de luz infravermelha diariamente e muito mais na expectativa de viver pelo menos até os 180 anos. 

 Expressões que os biohackers gostam de usar são “controlar”, “otimizar” e “atualizar” suas mentes e corpos. 

Algumas de suas técnicas para conseguir isso são coisas que as pessoas vêm fazendo há séculos, como meditação e jejum intermitente. Ambos fazem parte da rotina de Dorsey, fundador do Twitter. Ele faz duas horas de meditação por dia e apenas uma refeição (jantar) nos dias de semana. Nos fins de semana, não come nada. Todas as manhãs toma um banho gelado antes de caminhar 8 quilômetros até o QG do Twitter.  

 As ferramentas do cotidiano dos biohackers vão de suplementos e pílulas anti-envelhecimento, nootrópicos a drogas inteligentes (as chamadas smart drugs). 

Para quantificar os diversos aspectos de si mesmos, os biohackers dispõem de dispositivos vestíveis como o Oura Ring e o Apple Watch. Quanto mais dados tiverem sobre o seu corpo, mais podem otimizar suas funções.  

Há práticas mais radicais: crioterapia, neurofeedback (treinar-se para regular suas ondas cerebrais), saunas infravermelhas (supostamente ajudam a diminuir o estresse de transmissões eletromagnéticas) e tanques flutuantes virtuais (que se destinam a induzir um estado meditativo através da privação sensorial), entre outros.  

Entre os biohackers há um tipo chamado grinders que chega a implantar dispositivos como chips de computador em seus corpos que fazem de tudo, desde abrir portas sem chave até monitorar níveis de glicose. 

Por que as pessoas fazem isso?

O desejo de se sentir melhor é um desejo comum à maioria das pessoas minimamente saudáveis. 

Algumas só querem não adoecer, outras querem tornar-se mais inteligentes ou fortes, outras ainda querem aumentar sua expectativa de vida. O espectro pode ser vasto, chegando até ao desejo de tornar-se “mais máquina” ou mais “animal”. 

As metas podem ser escalonadas. Depois de determinar (ou achar que determinou) que existem “hacks” concretos que podem ser usados para passar de doente à saudável, ou de saudável para aprimorado, vem o pensamento “por que parar por aí? Por que não tentar obter o melhor desempenho? Por que não viver para sempre? O que começa como um simples desejo de se livrar da dor pode se transformar em um auto aperfeiçoamento com esteroides. 

Nos Estados Unidos, um novo medicamento pode levar uns 10 anos para ser desenvolvido e aprovado, o que faz com que alguns biohackers façam esses experimentos em si mesmos para obterem resultado mais rápido na tentativa de se curar de males graves de saúde. 

Formou-se nos últimos anos uma comunidade biohacking que oferece a oportunidade de explorar ideias não convencionais em um ambiente não hierárquico com uma identidade legal. Eles se reúnem em redes online, em grupos Slack e WhatsApp (WeFast, por exemplo, é para jejuadores intermitentes), realizam experimentos e têm aulas em “hacklabs” (laboratórios improvisados ​​abertos ao público) e participam de conferências de biohacking realizadas a cada ano.

Biohacking e a medicina tradicional    

O que diferencia a medicina tradicional do biohacking é a mentalidade com que as atividades são realizadas. No biohacking subjaz um pensamento de não aceitação das deficiências físicas, lançando-se mão de uma gama de soluções de baixa e alta tecnologia, diferente da medicina tradicional com ensaios duplo-cego, randomizados e controlados por placebos. 

 Certos tipos de biohacking vão muito além da medicina tradicional, enquanto outros a penetram. Muitas das técnicas antigas como meditação e jejum podem ser consideradas um tipo básico de biohacking. O mesmo acontece com ir a uma aula de spinning ou tomar antidepressivos. 

A mentalidade técnica é outra diferença. As pessoas no Vale do Silício pensam como engenheiros. Segundo Rob Carlson, especialista em biologia sintética e defensor do biohacking, “toda a medicina moderna é hacking”, mas chamar alguém de hacker é uma forma de deslegitimá-lo. “Há uma questão social e preconceituosa nisso: por que não se permite a algumas pessoas que explorem coisas novas e falem sobre isso na esfera pública?”. Muitos biohackers não têm PHD, mas simplesmente não acham que devam ser impedidos de explorar novas possibilidades por esse motivo. 

Pesquisa científica como base 

Há biohacks apoiados em evidências científicas fortes, depurados ao longo do tempo pela experimentação como a meditação para o alívio da ansiedade e da dor crônica. Mas há outros baseados em evidências fracas ou incompletas, que podem ser ineficazes ou realmente prejudiciais. 

O jejum intermitente, por exemplo, que é defendido por Dorsey, promete benefícios à saúde para alguns, mas os cientistas têm ainda dúvidas sobre isso, pois a literatura de pesquisa em humanos é limitada. Portanto, o conselho da comunidade científica é “proceda com cautela”. 

Muitas vezes algumas afirmações sobre dietas específicas se baseiam em “colchas de retalhos” de pesquisas escolhidas a dedo para endossar ou não uma tese. 

Muitos estudos são feitos em ratos ou camundongos e depois extrapolados para humanos. No entanto, algo complexo como a nutrição não deve ser extrapolado para humanos. 

A dieta de Asprey glorifica o óleo de coco e demoniza o azeite de oliva, ignorando a riqueza de testes que demonstram os benefícios deste para a saúde. Algumas das pesquisas que ele cita foram feitas em subpopulações muito específicas, como diabéticos, ou em grupos muito pequenos de pessoas. Essas descobertas não seriam generalizáveis ​​para o resto das pessoas. 

Tipos de biohacking perigosos experimentados 

O biohacking está incrementando o corpo e a natureza humana, posto isto, pessoas desesperadas, que recorrem a tratamentos experimentais, buscam soluções instantâneas. Indivíduos com dores crônicas ou em vias de morrer por doença grave podem ser culpadas por buscar conforto ou solução por vias menos ortodoxas? É a pergunta que fica. 

No entanto, algumas das soluções que estão sendo tentadas hoje em dia são tão perigosas que simplesmente não valem o risco. Exemplos de procedimentos de risco: edição do próprio DNA com CRISPR, que é um nova tecnologia que os cientistas ainda não têm certeza de todos os riscos envolvidos em seu uso (ao mexer no seu genoma, você pode causar involuntariamente uma mutação que aumenta o risco de desenvolver câncer), transfusões de sangue de jovens para idosos e “transfusões” de fezes. 

 Prolongamento da vida e limites físicos de sua extensão 

 A comunidade científica está finalmente convergindo para um consenso sobre quais são as causas do envelhecimento (danos às mitocôndrias e alterações epigenéticas são alguns exemplos). Nos últimos anos, assistimos a uma explosão de artigos promissores sobre as possíveis maneiras de abordar essas causas. 

Alguns biohackers acreditam que, ao alavancar a tecnologia, seremos capazes de viver mais. Cientistas se concentram no desenvolvimento de estratégias para reparar sete tipos de danos celulares e moleculares associados ao envelhecimento.  

Os pesquisadores que desejam combater o envelhecimento geralmente adotam duas abordagens diferentes. A primeira é a abordagem da “pequena molécula”, que se concentra em suplementos dietéticos a partir de um composto vegetal chamado fisetina. Essa substância em altas concentrações pode eliminar células senescentes em humanos – células que pararam de se dividir e contribuem para o envelhecimento. A outra abordagem é a da engenharia genética, em que cientistas promovem estudos com camundongos, modificando o genoma de embriões, o que significa que novos camundongos nascem com correção já instalada.  

O biohacking pode alterar a natureza humana? 

O biohacking está incrementando o corpo e a natureza humana, sendo um conjunto poderoso de tecnologias que pode ser usado de diferentes maneiras. É melhor; portanto, pensarmos sobre isso e usá-lo com sabedoria. 

O uso sem critério do biohacking pode promover discriminações de diversos tipos, quando torna alguns “super-homens” e até mesmo imortais, enquanto outros seguem “apenas” humanos. A competitividade nos ambientes profissionais poderá tornar o biohacking obrigatório, sob pena de exclusão e aumento das desigualdades. 

O biohacking usado com critério, no entanto, pode melhorar a vida humana, contribuindo na cura de doenças, aumento da longevidade e bem-estar.

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